quinta-feira, 29 de setembro de 2011

De volta aos tempos da DITADURA?


Pelo menos por um dia essa foi a impressão dos universitários e de quem passasse por perto da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), Campus de Frutal, pequena cidade mineira com cerca de 60 mil habitantes e localizada no Triângulo Mineiro.

A cidade de Frutal foi “contemplada” com a instalação da “Cidade das Águas”, projeto encabeçado pelo complexo HidroEX, ligado aos órgãos da UNESCO, e que prevê benefícios para toda população, bem como excelência em pesquisas e estudos das águas. Frutal foi escolhida devido ao potencial de suas bacias hidrográficas e do aqüífero Gurarani localizado na região centro-leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste e ocupa uma área de 1,2 milhões de Km², estendendo-se pelo Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²). Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Mas e aí? E essa história de Ditadura? Eu explico.

Com a inauguração do prédio sede do HidroEX, localizado dentro do Campus da UEMG-Frutal, autoridades de toda parte da região e do país compareceram ao evento realizado nesta quarta-feira dia 28-09-2011. Ocorre que, com medo de protestos encabeçados pelos professores de Minas Gerais (que encontram-se em greve há aproximadamente 120 dias, na esperança de cumprimento da Lei Federal 11.738-08, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11738.htm, que rege sobre o piso salarial nacional dos professores em R$950,00, chegando a R$1.187,00 com as correções monetárias e que em Minas Gerais estão fixados em R$390,00 com proposta de aumento para R$720,00), essas mesmas autoridades proibiram o acesso dos universitários e da população ao prédio estudantil.
O governador Antonio Anastasia (PSDB), principal alvo dos protestos, não compareceu ao evento que teve a presença do ex-deputado Nárcio Rodrigues, ligado ao projeto HidroEX, da atriz Cléo Pires, embaixatriz do projeto, Fernando Haddad, Ministro de Estado da Educação, Arlindo Chinaglia, ex-presidente da Câmara Federal e Deputado Federal (PT-SP), Vice-Governador do Estado de MG, Francine Cousteau (Presidente da Fundação Cousteau), e diversos reitores e pró-reitores de Universidades Federais Mineiras, além de pesquisadores e gestores públicos da Alemanha, Holanda etc. e várias outras autoridades políticas como o diretor geral da UEMG-Frutal Ronaldo Wilson Santos, alvo de protestos por parte dos universitários.

O Diretor Geral da UEMG, Ronaldo Wilson Santos, que não é professor, nunca exerceu nenhuma atividade de pesquisa e docência na vida, é ex-vereador, ex-secretário municipal de educação, correligionário do deputado Nárcio (PSDB) e um dos cabos eleitorais do partido na região. Foi nomeado pelo então Governador Aécio Neves, em julho de 2007 para exercer interinamente o cargo de Diretor da UEMG por 4 anos. Prazo que expirou em julho de 2011. E sua posição no cargo, dentro de uma ética da coisa pública e do conceito de mérito profissional, fere taxativamente o próprio Regimento da UEMG que coloca - a exemplo de qualquer universidade pública - que para ocupar cargos de direção, coordenação etc. é preciso que haja eleição entre os pares e que os professores/as sejam minimamente titulados ou com comprovação de atividades de notório saber na área de pesquisa, ensino e extensão. Ou seja, o cargo é meramente político e de "confiança". O pior é saber (e sabemos) se a Reitoria e o próprio MP sabem disso. E por que não colocam 'ordem na casa'?

Os protestos organizados por professores da rede municipal de ensino e pelos universitários foram focados no pedido do cumprimento do piso salarial nacional de educação por parte dos professores. Já os universitários, além de apoiarem a causa dos professores protestaram contra o cancelamento autoritário das aulas do dia de hoje, que veio a prejudicar vários alunos com o cancelamento, inclusive, de provas, por uma autonomia estudantil, transparência de gestão, construção de calçadas e iluminação na via pública que dá acesso ao campus, falta de concurso público para a contratação de docente, falta de bandejão, biblioteca digna, dentre outras medidas que lembram a Ditadura com as imposições feitas pelo referido diretor geral que controla o campus PÚBLICO como uma instituição Privada. É o Privadão do Wilson.

O ato de fechar as vias públicas para que a população não tivesse acesso à “festa de inauguração” do HidroEX é outro ato de tempos do AI-5.

A manifestação foi pacífica, com uma passeata da praça central da cidade até o ponto de interdição da via principal de acesso ao campus, com reprodução de faixas de protestos, carro de som, pronunciamento dos universitários e professores, controle da polícia militar, presença da imprensa local, intervenção aos carros das autoridades e convidados que chegavam ao evento e panfletos organizado pelo Diretório Central Estudantil (DCE) do campus Frutal, o qual reproduzo abaixo:

“INAUGURAÇÃO POPULAR HIDROEX

Nesta quarta-feira será inaugurada a cidade das águas (HidroEX), em Frutal, um evento que contará com a presença de autoridades municipais, estaduais, federais e internacionais. Um grande projeto, envolvendo muito dinheiro e com a responsabilidade de produzir conhecimento e auxiliar no uso ‘racional’ de recursos naturais, extremamente importantes para reprodução da vida em nossa região e em todo o planeta. Propomos a participação popular em tal evento, pois se trata de um assunto de interesse comum, e não pode ficar concentrado nas mãos de pequenos grupos políticos e econômicos, correndo-se o risco de que se repita um fato rotineiro em nosso país: um bem que está relacionado a toda população, mas privilegia apenas uma pequena quantidade desta.

Mas o que é exatamente o HidroEX? De acordo com o site oficial da fundação (www.hidroex.org):

‘O HidroEX é uma Fundação Estadual, criada pela LEI Nº 18.505, de 4 de novembro de 2009, com autonomia administrativa e financeira, personalidade jurídica de direito público, prazo de duração indeterminado, sede e foro no Município de Frutal/MG.
O HidroEX está vinculado à Secretaria de Estado  de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SECTES e desenvolverá suas atividades em conjunto com instituições públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, especialmente conforme projeto aprovado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO -, observados o Programa Hidrológico Internacional – PHI – e as normas jurídicas brasileiras e as dos países onde venha a atuar.
O HidroEX tem por finalidade planejar, coordenar, executar, controlar e avaliar programas e projetos de defesa e preservação do meio ambiente, relativos à gestão das águas e dos recursos hídricos, envolvendo a capacitação e o desenvolvimento de recursos humanos, a promoção de ações educativas, a construção de bancos de dados e a prestação de serviços de interesse público’.

Ou seja, é uma Fundação Estadual (lida com DINHEIRO PÚBLICO, e MUITO), tem autonomia administrativa e financeira (faz o que quiser com esse dinheiro público) e é vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Ensino Superior (cujo responsável é o ex-deputado Narcio Rodrigues, extremamente ligado ao projeto, fato que deve ser fiscalizado principalmente em nossa região, principal fonte de votos do mesmo). Esses fatores dão o direito e legitimam o dever da população em participar desse processo histórico que irá ‘transformar’ as relações sociais, culturais, econômicas e ambientais em nossa região.

Deve ser colocado em questão também o real interesse dessa fundação, uma vez que a mesma se proclama um órgão de ‘defesa e preservação do meio ambiente, relativos à gestão das águas e dos recursos hídricos’, mas seu cartão de visitas, e até agora um de seus principais atos, foi despejar entulhos (referentes ao prédio que foi demolido para a construção da sede do HidroEX) em uma ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, próxima ao CÓRREGO Frutal, a menos de 500 metros do local onde se realiza a CAPTAÇÃO DE ÁGUA para o consumo do município.

É importante analisar se este órgão irá contribuir realmente para o desenvolvimento da sociedade ou favorecerá os interesses econômicos da minoria que se encontra no poder. A universidade é construída por toda a sociedade, e deveria ser de praxe então que ela contribuísse para o desenvolvimento desta. Devemos ficar atentos para o que o HidroEX não caminhe nos rumos de sua vizinha UEMG, com o poder centralizado em poucas mãos, sem concursos públicos, e com ensino público voltado para a lógica do mercado. É preciso acabar com a educação em prol da politicagem e focar no desenvolvimento de um novo ser humano, sem os vícios dessas relações de poder que só cumprem o interesse de certos partidos e grupos econômicos.

Para que adianta o curso de Direito, se aqui na faculdade há injustiças?
O que adianta Comunicação Social, se os alunos não interagem, não se comunicam contra essa catástrofe social que nasce aqui, ao nosso lado?
O que adianta o curso de Sistemas, se é muito difícil o acesso à internet?
O que adianta Geografia e sua importância política, se nos rendemos à politicagem?
O que adianta a UEMG, que foi erguida e é sustentada para o bem da comunidade, dos alunos, para exercer uma função social, porém na maioria das vezes é manipulada pelo interesse pessoal?
Que isso não fique assim.
Que o HidroEX, que está sendo inaugurado, não siga esse caminho.
Que o HidroEX LAVE TODA SUJEIRA QUE HOUVER.
AMÉM”.

A voz da população na deve ser calada.

João Paulo Morandi Barboza. Aluno universitário do curso de Geografia da UEMG-Frutal e proibido de adentrar o prédio PÚBLICO do campus.

domingo, 18 de setembro de 2011

UFTM no Senado - Com direito a palavra...

Vídeo filmado durante TC dos alunos da UFTM - Uberaba/MG.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Para presidente do Inep, exame docente não pode ser usado como "Enem do professor"

Camila Campanerut*
Enviada do UOL Educação
Em São João da Mata (BA)



O Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente, que ainda está em fase de elaboração pelo Inep, tem como objetivo ser aplicado para novos professores que pretendem trabalhar na rede pública e, não para avaliar os antigos. O assunto foi um dos temas que gerou dúvidas entre os secretários municipais de educação, durante o 4º Fórum Nacional Extraordinário dos Dirigentes Municípios de Educação, quando a proposta foi apresentada. A presidente do Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], Malvina Tuttman, conversou com o UOL Educação sobre o tema. Veja alguns trechos da entrevista realizada em Mata de São João (BA).


UOL Educação - Há possibilidade de se usar a prova como um “Enem do professor”, um ranking para comparar os profissionais da área? Malvina Tuttman - Isso não pode acontecer. UOL - Tem como evitar isso? Malvina - Primeiro, a má utilização de um processo pode acontecer sempre. Garantir que os resultados não serão utilizados indevidamente? Eu não posso garantir, porque vai depender da ética de cada um.

O que é interessante é que cada participante, ele se inscreve na rede, ou nas redes que ele assim desejar. Só vai ter o resultado deste candidato ou destes candidatos que se inscreveram naquela rede, a secretaria de Educação. A secretaria de Educação X só tem os seus resultados. Então, possivelmente ela não irá divulgar os resultados, porque não interessa divulgar os resultados. Ela [a secretaria] vai fazer a chamada como faz em concursos que normalmente ela realiza. UOL - Qual a previsão de periodicidade da prova e a previsão de custo dela? Malvina - Não temos um custo total porque vai depender da adesão, do número de provas, dos locais [onde serão aplicadas]. Então, é prematuro dizer os custos neste momento.   Vamos fazer a primeira e vamos verificar qual a adesão que nós temos, porque um concurso tem a duração [validade] de dois anos pela legislação. Então, vamos verificar qual a demanda. Ela terá sim uma periodicidade, mas eu não posso dizer neste momento qual será. UOL - É possível evitar que as escolas comecem a propagandear o fato de terem professores mais bem colocados na prova (Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente)? 
Malvina -  Não. Até porque nós todos sabemos que nem sempre, entre aspas, o melhor aluno, que é o primeiro na faculdade, ele se torna o expoente em sua profissão. Não é verdade?
Existem outras situações, existe a prática. Então, não há nenhuma pesquisa que relacione que os primeiros colocados serão sempre os melhores professores. É um conjunto. A prática do professor está relacionada também a ambientação das escolas, as discussões, ao projeto político-pedagógico, a uma direção bastante competente. Portanto, há um conjunto de fatores que não dependem apenas da performance do professor numa prova.
Disponível em: 
http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/09/06/para-presidente-do-inep-exame-docente-nao-pode-ser-usado-como-enem-do-professor.jhtm

Veja também: http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/09/06/secretarios-acham-insuficiente-proposta-do-mec-para-um-exame-nacional-para-professores.jhtm
e...
http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/09/05/mec-atrasa-pela-segunda-vez-divulgacao-do-enem-por-escola.jhtm

terça-feira, 6 de setembro de 2011

PEA - Plano de Educação Ambiental - BUNGE e curso de GEOGRAFIA da UEMG

BUNGE-USINA FRUTAL CAPACITA PROFESSORES DA REDE PÚBLICA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS

A Bunge Açúcar e Bionergia, unidade de Frutal, desenvolveu no dia 13 de Agosto um curso de capacitação com professores da rede municipal de ensino. O evento foi ministrado pela Profa. Me. Bethania Alves de Menezes, Prof. Me. Leandro de Souza Pinheiro, junto às alunas Claudia Lopes Bernardes, Cynthia Priscila Zelioli e Silvia Lima de Paula Gomes, do curso de Geografia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), pela Analista de Meio Ambiente da Bunge-Frutal Luciana Aparecida Paula Martins e pelos colaboradores Cleusa Aparecida da Mata, responsável pela área de reflorestamento e Antonio José, fiscal de mão-de-obra da mesma unidade. Foram trabalhados temas relacionados à coleta seletiva, reciclagem, recursos hídricos, erosão e reflorestamento, sendo 4 horas de apresentações teóricas e 4 horas de aulas de campo, nas quais os participantes tiveram a oportunidade de visualizar in loco exemplos de questões ambientais importantes de serem discutidas e trabalhadas. Foram visitadas a região de mata ciliar do Ribeirão Frutal, o córrego que corta a cidade, uma área central onde está sendo construído um lago artificial, uma área periférica da cidade onde está ocorrendo a formação de voçorocas e algumas áreas de preservação permanente (APP’s) que foram reflorestadas pela Usina Frutal. Os participantes do curso enfatizaram a relevância da discussão dos temas apresentados, uma vez que as questões ambientais devem ser trabalhadas junto aos seus alunos. Os professores da rede municipal serão os multiplicadores nas escolas, tendo assessoria dos docentes e discentes da UEMG e dos profissionais da Bunge-Frutal, durante o desenvolvimento das atividades propostas.

Publicado na revista da BUNGE - USINA FRUTAL
Em breve teremos a nossa publicação sobre a capacitação.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Semana de Geografia da UFTM


Semana de Geografia da UFTM recebe inscrições de trabalho até o dia 09 de setembro.
O prazo para desconto na inscrição termina nessa segunda feira dia 05.
O evento acontece no CEA/UFTM nos dias 03, 04 e 05 de outubro de 2011.

Atenção pessoal não fiquem de fora, é uma oportunidade para vocês mostrarem a capacidade de elaborarem seus trabalhos científicos e uma forma de vocês socializarem os conhecimentos adquiridos nas pesquisas! Boa Sorte!


Cynthia Zelioli, bolsista do PEA/LAPEGEO.